O surgimento do fenômeno do "gêmeo digital" anunciou uma grande mudança em termos de planejamento urbano. Ele apresenta essencialmente a cidade como dinâmica, de forma virtual. Garante que todos os elementos do tecido histórico, novas construções e transporte público sejam contabilizados em um modelo tridimensional. Não só apresenta elementos-chave em termos de paisagem, como também engloba condições muitas vezes esquecidas, como a presença de luz ao longo do dia, sombreamento e vegetação. Tudo isso contribui para um melhor processo de análise do território.
O Gêmeo Digital é um arquivo: um arquivo do passado, presente e futuro
Ele consiste em três componentes principais: visualização, previsão e diagnóstico. Oferece uma oportunidade para que as modificações na paisagem urbana sejam simuladas e testadas antes de serem postas em prática. Ele pode prever como as mudanças em uma estrutura podem afetar seu entorno. Em essência, é um método cuidadoso e superior de planejamento urbano, reduzindo a estagnação e garantindo que a cidade continue evoluindo.
O conceito do gêmeo digital é benéfico em todos os sentidos, para uso em projetos de grande e pequena escala. Apresenta o espaço físico como um modelo virtual, permitindo a inserção do usuário e o uso de dados em tempo real para se manter atualizado. O uso generalizado de BIM (Building Information Modeling) no ambiente construído pode se beneficiar do uso de um gêmeo digital... usando feedback em tempo real para atualizar o modelo de informação. Quanto mais acessível for essa informação, melhor será o resultado do projeto.
O interessante são as vantagens em relação à implementação de um gêmeo digital no planejamento urbano. Ele pode medir a integridade estrutural dos edifícios ao longo do tempo. Pode evitar erros substanciais e dispendiosos e medir aspectos em relação ao consumo de energia e às emissões de carbono. Pode encorajar melhores decisões em larga escala no desenvolvimento de nossas cidades do futuro, levando em conta as repercussões de curto e longo prazo.
Como exatamente um gêmeo digital reúne essas informações que é possível ponderar? Ele usa uma forma de "hot data", um termo usado para descrever dados acessíveis, viáveis e relevantes para o modelo. Muitos desses dados podem ser coletados por meio do uso de dispositivos IOT. Eles extraem dados de sensores físicos que podem coletar informações incluindo qualidade do ar, umidade, ocupação etc. Design baseado em evidências… para melhor responder às demandas da arquitetura para as pessoas.
Um excelente exemplo de um gêmeo digital em desenvolvimento é a cidade de Damasco do engenheiro Moaz Khabiaty. Com a intenção de melhorar a infraestrutura da cidade dentro da realidade virtual, ele espera que a natureza irrestrita do gêmeo permita que os próprios cidadãos apresentem suas opiniões sobre a reconstrução da paisagem urbana. Reconstrução como reflexo das demandas dos usuários. Uma cidade do futuro… Uma cidade inteligente.
Conforme estipulado no processo BIM, qualquer feedback gerado a partir de um projeto é repassado como um aprendizado. O gêmeo digital nos apresenta um ciclo de feedback constante em relação ao desempenho do edifício, permitindo que modificações sejam feitas antes de qualquer projeto ser implementado. O futuro deste sistema é potencialmente a inteligência artificial? Ele dará origem a um novo método de implementação da transformação urbana?
Um precedente oferecido pela BuildMedia inclui um gêmeo digital de Wellington, Nova Zelândia. Isso ofereceu à cidade um meio de tomada de decisão em larga escala e atua como uma plataforma de engajamento. Não só pode oferecer uma visão aos cidadãos, mas também pode revelar-se uma ferramenta de marketing eficaz no que diz respeito ao planejamento urbano.
O gêmeo pode ser fundamental para destacar ineficiências no ambiente urbano, simulando cenários imprevistos. Ele pode permitir um futuro mais resiliente para nosso ambiente construído, oferecendo-nos a visão de uma potencial catástrofe. Qualquer infraestrutura que possa apresentar vulnerabilidade pode ser destacada e gerenciada adequadamente por meio da mitigação de desastres. Talvez o uso generalizado de gêmeos digitais possa ter se mostrado benéfico diante da pandemia?
A empresa chinesa 51World criou umgêmeo digital da cidade de Shanghai. Gerado usando dados por meio de sensores, drones e satélites, demonstra sua natureza versátil, oferecendo uma avaliação de risco para desastres naturais (incluindo planejamento de inundações) e um método de medição da escala de impacto de novas construções.
O gêmeo digital é fundamentalmente a cidade do futuro; permitindo a tomada de decisões avançadas no planejamento urbano. Sua natureza atraente é sua capacidade de evoluir, de oferecer novos paradigmas na forma como visualizamos o ambiente construído. Arquitetura com ausência de forma física... Talvez um passo em direção ao próprio metaverso.